quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sonhos

De todas as experiências de contato com o universo não-físico, há uma que se destaca por ser comum a todas as pessoas: o sonho. Mesmo considerando-se que há alguns que afirmam não sonhar, está comprovado: todos sonham. O que acontece é que muitas pessoas não conseguem se lembrar que sonharam. Estranho isso, não é? Não se lembrar que sonhou. Mas como descobriram isso, que todos sonham?

Quando nós dormimos, primeiro há um relaxamento e, geralmente, algum tempo depois, segue o movimento rápido dos olhos (o movimento REM, Rapid Eye Movement), com os olhos fechados, e é esse movimento que marca o início do sonho. Sabemos que todos sonham porque, em experimentos, pessoas foram despertadas nesse instante e reportaram que tinham começado a sonhar, mesmo quem acreditava nunca sonhar. Não sei porquê as pessoas quase não reparam nesse movimento. Eu mesmo me lembro de tê-lo visto apenas uma vez, quando eu olhava para uma pessoa dormindo.

O sonho não é uma necessidade do organismo físico porque o organismo pode relaxar sem o sonho. No entanto, ele é essencial para nosso equilíbrio. Os estímulos da rotina diária sempre nos estressam, mesmo que sutilmente, sem que percebamos. O sonho é a reação no sentido de obtermos experiências que nos centram novamente. Estas experiências envolvem perceber elementos do subconsciente, expressar-se a eles, e também ser observados sem que percebamos. A mente humana tem uma complexidade imensa, constituída por uma imensidade de "subconsciências" e "inconsciências", seres dentro de nós mesmos, seres a que nos unimos ou repelimos inconscientemente. De fato, uma rede invisível de contatos e recursos é criada quando sonhamos. Durante o sonho, criamos impressões, afastando-nos ou aproximando-nos de toda uma pluralidade de seres cuja existência muitas vezes as pessoas nem sequer suspeitam que seja real.

O que afirmamos nos sonhos tende a se unir a nós e o que negamos em sonhos tende a se isolar de nós. No entanto, não podemos controlar o desenrolar dos sonhos, embora possamos tentar estimulá-los um pouco antes de dormir, e isso até funciona no começo de um sonho, mas não no sono profundo que é onde as estruturações mais fortes acontecem. Nesse caso, como orientar os sonhos? Se o sonho é, em larga medida, a expressão de quem você é, a melhor forma de conduzi-lo é enriquecendo sua própria consciência através de um processo de reflexão durante o período de vigília, interferindo em quem você é e, por extensão, interferindo na sua expressão no sonho. Essa reflexão pode ser auxiliada por uma boa leitura, por assistir um filme, e por outros meios e estímulos, porém sempre se deve considerar estes meios como meros auxiliares, uma vez que o que conta realmente é sua experiência pessoal.

Qualquer pessoa, rica ou pobre, com ou sem livros para ler, pode refletir e obter entendimento e sabedoria neste processo. São os fatos do dia a dia na vida de cada um, os altos e baixos, as ilusões e desilusões, que devem ser considerados, são as emoções, os desejos, as conclusões em que aponta a razão, e também as dúvidas. Uma dúvida jamais deve ser respondida com a fé cega, e sim com uma resposta pertinente em seus próprios termos. Ou, então, com uma resposta que demonstre que a dúvida não é aplicável por não ter relevância em uma questão. Ser sincero consigo mesmo é essencial para criar uma rede de ressonância de maneira tal que não se arrependa mais tarde. É importante não se importar com o que se possa parecer, e sim assumir até mesmo as incoerências de quem se é. Assim o que for verdadeiramente ressonante ao praticante irá se associar a ele e, da mesma forma, o que for dissonante irá se dissociar. Sendo verdadeiro consigo mesmo, a rede criada irá se tornar também confiável e verdadeira com o passar do tempo, pois será esta a imagem de si próprio que estará sendo comunicada à rede. É um processo de unir-se como igual e não de dominar. É demorado, iniciando-se com um turbilhão de pensamentos e quase nada em que se apoiar mas, com o passar do tempo, um núcleo cada vez mais sólido vai surgindo e se expandindo. Este núcleo em expansão é sua própria consciência se desenvolvendo.

Na realidade, nossa individualidade, nossa separação em relação ao mundo, é uma ilusão de nosso ego. A realidade é contínua e tudo que existe se interliga. Como diz o princípio do hermetismo, "o que está acima é como o que está abaixo". Ou na tradução cristã: "assim na Terra como no Céu". Os primeiros efeitos visíveis certamente dirão respeito às transformações pessoais, na forma de pensar e na forma de sentir. Certamente haverão períodos de estímulo, contidos pela sensação de querer avançar e não saber como prosseguir mas, havendo perseverança e utilizando os recursos da inteligência e da imaginação, novas saídas serão descobertas, novos avanços e, de novo, obstáculos. Este é um ciclo que sempre irá existir. Mesmo que durante esta busca haja culpa e arrependimento por causa de erros provenientes de ilusões e de se ter tentado fazer algo (o que em uma visão mais ampla, não é um erro), sempre nos tornamos pessoas melhores no momento em que aprendemos com os erros, e sempre nos tornamos capazes de oferecer mais ao mundo e às nossas próprias vidas. As rosas sempre terão espinhos, mas será que vale a pena nunca provar do perfume delas apenas para não se ferir?

Para obter mais resultados nas experiências nos sonhos, uma excelente prática é manter um diário de sonhos. O melhor momento para realizar as anotações é assim que estiver desperto, para que não se venha a esquecer do que ocorreu no sonho. Dessa forma é possível perceber quais são os elementos e interações que surgem, tornando-se ainda mais consciente destas experiências e, por consequência, mais preparado para interagir de forma cada vez mais eficiente em novos sonhos, uma vez que se irá ser capaz de verificar avanços e também será possível definir perspectivas a serem buscadas. É comum que, quanto mais esta prática seja realizada, mais se seja capaz de recordar as experiências nos sonhos. O diário de sonhos também é muito útil para perceber a relação entre os sonhos em si e as experiências diárias nos momentos de vigília.

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